terça-feira, 23 de junho de 2009

Nós não precisamos de revolucionários

Hoje, enquanto ia com um colega ao bandejão, logo me deparei com um pensamento ao qual nossa conversa foi parar. Não precisamos de revolucionários na Unicamp.
É inegável que haja problemas em algumas unidades, como a falta de professores no IFCH, mas isso não é uma justificativa para tamanha baderna. Ao aderir à greve, o DCE simplesmente perdeu o foco e acabou misturando pautas dos grevistas com pautas dos estudantes, diferentes em suas essências, supondo que isso trará um melhor resultado, mas é nítido que não está certo.
Defender a reintegração do Brandão aos quadros da USP, o aumento ou a não criação da Univesp ou as mudanças no vestibular não resolverá os problemas internos da Unicamp, da Usp ou da Unesp. Não trará os professores que faltam em alguns institutos. Não resolverá a falta de recursos que algumas unidades enfrentam.
Além disso, o movimento não está na posição de negar que os prédios da universidade são públicos e ainda por cima invadi-los, atitude que não poderia resultar em outra coisa senão a intervenção da polícia, que não reprimia os manifestantes, mas defendia o patrimônio e o direito de ir e vir dos não grevistas.
O movimento estudantil está contaminado com o partidarismo e com a falta de representatividade. Eu não me sinto à vontade de expor minhas opiniões em uma assembleia geral (esvaziada e sem representação significativa de muitos cursos) já que minhas idéias são muito diversas daqueles que conduzem a reunião. Enquanto tem pessoas que defendem o enfrentamento direto, eu, no máximo, defendo uma conversa com a reitoria, feita de maneira natural e não no meio de greves e panelaços.
Além disso, a contaminação partidária não é boa para o movimento caso nós tenhamos o desejo de alcançar alguma coisa. Os partidos que contaminam os DCEs são claramente contra a força política dominante do estado de São Paulo. Negociações nesse cenário não acontecem de forma útil. Apenas ao final do encontro os representantes saem dizendo bravatas (algumas vezes de tom eleitoral) e sem qualquer sinal de melhora para a universidade.
Nós não precisamos de revolucionários. Precisamos de reformistas, propostos a dialogar antes de chorar reivindicações, a fim de ver o que é viável, junto à reitoria, ao governo do estado, à assembleia legislativa do estado. Nós somos a parte mais fraca do elo, e não será aos gritos que conseguiremos alguma coisa. O movimento, hoje, nada contra a correnteza, e cada vez mais está sendo empurrado para lugar algum.
E sabendo que nós somos a parte mais fraca, é necessário que não estejamos sozinhos em nossa empreitada. É necessário que a sociedade que nos cerca, a população de São Paulo, esteja do nosso lado. Para isso a imprensa tem que nos ser favorável. A Veja, a Folha, o Estadao, tem de estar do nosso lado, já que é essa a imprensa que vende. E para que isso aconteça, a greve não será o caminho. Somos um bando de 'mimados sem ter do que reclamar' para o grande público. Isso não pode acontecer.
O jogo precisa ser jogado, e não é o tempo de perder foco e negar o funcionamento do mundo.

(por favor, caso seja da mesma opinião, divulgue)

2 comentários:

  1. Panterinha, concordo plenamente. Sempre pensei nisso, não faz sentido o que estava acontecendo. By the way, favoritei teu blog. =D

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